quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Sindicalista é morto por pistoleiros em Marabá, diz Pastoral da Terra


Sindicalista é morto por pistoleiros em Marabá, diz Pastoral da Terra
Crime aconteceu às 10h desta quinta-feira (25),
Este é o quarto trabalhador rural morto na região em 2011, afirma entidade.
Glauco Araújo
Do G1, em São Paulo

imprimir O sindicalista Valdemar Oliveira Barbosa, conhecido como Piauí, foi morto a tiros às 10h desta quinta-feira (25), em Marabá (PA). Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), ele estava andando de bicicleta quando foi cercado por dois homens encapuzados e que estavam em uma motocicleta preta. O crime aconteceu no Bairro São Félix. O crime aconteceu três meses após a morte do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, ocorrida em maio deste ano.

Barbosa era casado e integrante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Marabá. Ele foi responsável por coordenar por vários anos um grupo de famílias que ocupou a fazenda Estrela da Manhã, na cidade. Como a fazenda não foi desapropriada, ele voltou a morar em uma ocupação urbana que ajudou a organizar em Marabá.

Segundo João Batista Afonso, advogado da CPT, Barbosa coordenou um grupo de famílias que ocupou a fazenda Califórnia, em Jacundá (PA), há um ano. No fim de 2010, o grupo foi retirado do local em uma ação da Polícia Militar. De acordo com a pastoral, o sindicalista pretendia retomar a ocupação da fazenda.

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Em nota, a CPT informou que o assassinato de Barbosa pode ter ligação com a tentativa de reocupação da fazenda. A Polícia Civil de Marabá está



Após tocaia, agricultores do Pará recebem proteção federal
Nove pessoas foram retiradas nesta madrugada de assentamento.
Irmã de extrativista morto em maio está sob proteção federal em Marabá.



Glauco Araújo
Do G1, em São Paulo

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Homens da Força Nacional de Segurança cercam
casa de um dos agricultores ameacados de morte
em Nova Ipixuna (Foto: Divulgação/Força Nacional/
Ministério da Justiça)A Força Nacional de Segurança escoltou, na madrugada deste sábado (18), duas famílias de agricultores que estavam sofrendo ameaças de morte no assentamento Praialta Piranheira, em Nova Ipixuna (PA). Eles vivem no mesmo local onde os extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo foram mortos em uma emboscada, em 24 de maio deste ano.

Com as famílias, também foi retirada a irmã do extrativista Ribeiro da Silva, Claudelice Silva dos Santos, de 29 anos. Ao todo, são dez pessoas, cinco adultos e cinco crianças. Todas foram retiradas pela Força Nacional e agentes federais e levadas para um local desconhecido em Marabá (PA), por medida de segurança.

"Estamos bem agora, apesar do susto. A tocaia não foi direta para mim. Fizeram duas tocaias para pegar os dois agricultores que ainda vivem no assentamento. Não posso falar onde estou, mas acompanhei a retirada deles do assentamento", disse Claudelice, em entrevista exclusiva ao G1 neste sábado.

Há duas semanas, no início do mês, a reportagem do G1 acompanhou Claudelice em um visita ao local onde vivia o irmão José Claudio Ribeiro e a cunhada Maria do Espírito Santo. "Esta castanheira era a árvore símbolo da luta de meu irmão. Pense se não é um crime derrubar uma árvore desse tamanho e vender a madeira por R$ 50. Imagine se não é para defender essa árvore. Toda vez que venho aqui eu fico emocionada, pois lembro de meu irmão e da luta dele para defender a floresta", disse Claudelice na ocasião. (Veja o vídeo inédito acima.)

A ação da Força Nacional faz parte da Operação Defesa da Vida, montada pelo governo federal para combater os conflitos agrários no Pará. A ação também foi montada em Rondônia e no Amazonas. Segundo o Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos do Estado do Pará, o caso do grupo será analisado em detalhes na próxima segunda-feira (20). Até lá, a Força Nacional de Segurança Pública será responsável pela segurança dos ameaçados.

A reportagem do G1 esteve com o agricultor José Martins, 57 anos, no início deste mês, logo depois de ele sofrer as primeiras ameaças de morte e de ter quatro construções em sua propriedade queimadas por fazendeiros da região (veja vídeo inédito ao lado). Ele já havia sinalizado que deixaria o assentamento, deixando para trás seus múltiplos pequenos cultivos. "O camarada ameaçado vive com medo. É melhor a vida da gente do que a terra. Já queimaram minha casa uma vez e prometeram voltar", disse, na ocasião.

Martins afirmou que deixou o assentamento com dor no coração. "Derrubei muita gota de suor para plantar tudo isso aqui, mas tenho certeza que Deus vai me proteger e dar uma outra terra para eu cuidar", disse neste sábado.

Denúncia contra policiais
Um dos escoltados pela Força Nacional já havia denunciado ao G1 que tinha sofrido ameaças de morte por parte de policiais civis e militares. O agricultor, que pediu para não ser identificado, chegou a viajar até Brasília para relatar as ameaças para o Ministério dos Direitos Humanos e do Meio Ambiente.

O secretário de Segurança Pública do Pará, Luiz Fernandes Rocha, disse que tomou ciência do fato e afirmou que os quatro policiais citados na denúncia estão sob investigação. "É um caso de 2010, quando eu ainda não tinha assumido a secretaria, mas o fato está sendo apurado em um Inquérito Policial. Já ouvimos entre 50 a 60 pessoas sobre isso. Essa investigação está no contexto do crime cometido contra José Claudio Silva e Maria do Espírito Santo [mortos em uma emboscada em 24 de maio, em Nova Ipixuna]. O caso já faz parte da nossa investigação. Tudo tem uma ligação."

O grupo de agricultores ameaçados também enviou para a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, relatos sobre novas ameaças de morte contra eles. Em Marabá, uma das ameaças foi feita por telefone, alertando que um agricultor do grupo iria "virar carvão".

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O advogado da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no Pará, José Batista Afonso, disse que o caso foi levado para a Ouvidoria Agrária do Incra e entregue ao delegado José Humberto Alves, da Delegacia de Conflitos Agrários em Marabá. Para ele, "a investigação do caso não está sendo feita da melhor forma".

Perigo em qualquer lado
No início deste mês, o agricultor que pediu para não ter o nome divulgado havia afirmado ao G1 que está desistindo de permanecer no assentamento em Nova Ipixuna. "Sou ameaçado por fazendeiros e madeireiros. A polícia, que deveria proteger as pessoas de bem, vem até minha casa e me ameaça também. Não me sinto seguro para continuar aqui. Sair para ir trabalhar na roça, deixar minha mulher e filhos em casa, é uma coisa muito difícil agora."


investigando o caso. A vítima não tinha passagem policial e não estava envolvido em qualquer procedimento policial. "Ele não tinha relatado ameaça de morte, mas a situação aqui é de fogo cruzado. Não há paz", disse Batista.

A morte do sindicalista ocorreu, também, um dia após a Força Nacional anunciar que reforçou a segurança no assentamento Praialta Piranheira, em Nova Ipixuna.

Segundo a pastoral, apenas o assassinato do casal de extrativistas José Cláudio da Silva e Maria do Espírito Santo, ocorrido em uma emboscada em Nova Ipixuna (PA) foi parcialmente investigado. De acordo com Batista, ninguém foi preso por envolvimento nos crimes. "O comportamento da Polícia Civil do Pará tem sido de investigar as vítimas e não os responsáveis pelas mortes, quando se trata de crimes no campo", disse o advogado.

Desocupação recente
Ainda segundo a pastoral, 150 famílias organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST/PA) foram despejadasda Fazenda Nova Era, em Eldorado dos Carajás (PA), na noite desta quarta-feira (24), pela Polícia Militar. O grupo estava na área desde terça-feira (23).

Segundo o documento, a polícia teria chegado ao local acompanhada de grande número de fazendeiros e, sem estabelecer diálogo com as famílias acampadas, deu ordens para que todas as famílias se retirassem em 30 minutos da propriedade. De acordo o MST, se houvesse ordem judicial, a constituição estabelece que, o cumprimento teria que ser cumprido durante o dia.


Casal de extrativistas morto a tiros em uma
emboscada estrada no Pará, em maio deste ano
(Foto: Divulgação/Arquivo CNS)Emboscada
O casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo foi morto em uma “tocaia” em uma estrada na Zona Rural de Nova Ipixuna, em 24 de maio deste ano. A polícia indiciou três pessoas por envolvimento no crime, mas não prendeu ninguém após três meses do crime.

Outros atentados
Familiares do casal de extrativistas José Cláudio e Maria, mortos em emboscada em 24 de maio deste ano, relataram ter sofrido um novo atentado a tiros, na madrugada desta quinta-feira (18), em Nova Ipixuna. O ataque, desta vez, deixou ferido um dos cachorros da família, que vivia em uma fazenda vizinha da de onde morava o casal morto.

Em outro caso de violência na região, duas famílias de agricultores que estavam sobre proteção policial desde que escaparam de um tocaia em 18 de junho, em Nova Ipixuna, voltaram para seus estados de origem. Após o ataque, eles ficaram sob proteção da Força Nacional. Em julho, a Defensoria Pública do Pará informou que os trabalhadores rurais, que focam colocados em um programa de proteção à pessoa, optaram por sair do Pará porque achavam que estariam mais seguros em suas cidades natais.

Inércia investigativa e judicial
Um levantamento feito pela CPT sobre a violência no campo no Brasil apontou que cerca de 8% dos casos de assassinatos ocorridos desde 1985 devido a conflitos agrários foram julgados pelo menos em primeira instância até abril deste ano.

Os 1.186 casos monitorados pela organização, com 1.580 vítimas, resultaram em 94 condenações pelo menos de primeira instância até abril, sendo 21 de réus acusados de serem os mandantes e 73 de serem os executores dos homicídios.

Os foram contabilizados com base em informações de fontes diversas obtidas pela CPT, como relatos e notas da imprensa. Muitas das mortes sequer resultaram em inquéritos.










Polícia do PA diz que tem suspeito de mandar matar casal de extrativistas
Secretário de segurança disse que mandante do crime está identificado.
Dois homens foram os responsáveis pela execução das vítimas em maio.


O secretário de Segurança Pública do Pará, Luiz Fernandes Rocha, disse ao G1, nesta quarta-feira (8), que a Polícia Civil já tem a identificação do fazendeiro suspeito de mandar matar o casal de extrativistas José Claudio Silva e Maria do Espírito Santo, em uma emboscada em 24 de maio, em Nova Ipixuna (PA). Nesta terça-feira (7), a Polícia Civil divulgou dois retratos falados de suspeitos de terem matado o casal.

"O nome do fazendeiro não será divulgado para não atrapalhar o trabalho da investigação, mas já sabemos que ele está envolvido em uma série de ações contra agricultores assentados naquela região. Faltam alguns detalhes para afirmarmos que ele tem total envolvimento com o crime", explicou Rocha.

Sobre a investigação da morte dos extrativistas, o secretário informou ainda que os laudos dos institutos de Medicina Legal e de Criminalística do Pará ainda não ficaram prontos, mas algumas informações preliminares já permitem que posliciais consigam avançar da elucidação do caso.

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Segundo Rocha, o fato de a arma usada para matar o casal de extrativistas pode ser um dificultador. "É uma arma que não tem projétil. Quando se tem projétil, é possível fazer exame de balística. No caso da cartucheira, a arma dispara bolinhas de chumbo, o que não permite exames laboratoriais."

O secretário disse que foi apreendida uma máscara de tecido na região do crime. "Foram encontrados alguns fios de cabelo, que nos permitirão fazer confronto de DNA desse material com o cabelo de possíveis suspeitos."

Os retratos falados apresentados nesta terça-feira já foram mostrados para testemunhas do caso. "Uma delas disse que os retratos estão 100% próximos da semelhança com dois homens que foram vistos no local da morte do casal de extrativistas, um dia antes das mortes e no mesmo dia do crime. Eles seriam os responsáveis pela execução propriamente dita", explicou o secretário.








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